CONTABILIDADE
Contabilidade é a ciência que estuda, sistematiza e interpreta registro de transações financeiras das empresas, entidades e outras organizações, empenha-se na prática de escriturar livros comerciais. Os estabelecimentos comerciais possuem livros ou fichas onde são lançados o movimento financeiro de uma empresa privada, uma entidade ou organização, ou mesmo de uma administração pública, os lançamentos nos livros e fichas hoje são comuns e podem ser feitos através de sistema eletrônico (informatizado). A contabilidade tem suma importância porque informa sobre a marcha de negócios, preços de custos, preços de vendas e a oscilação do mercado financeiro, é através da contabilidade que os administradores têm suas tomadas de decisão sobre fabricação, compra e venda de produtos, mercadorias e serviços. Serve como elemento comprovativo aos fiscais que inspecionam as escritas, os impostos e examinam o bom ou mau andamento da firma.
OBJETIVO DA CONTABILIDADE
O objetivo da contabilidade é o controle de um patrimônio. O Controle é feito através de coleta, armazenamento e processamento das informações oriundas dos fatos que alteram essa massa patrimonial.
DEFINIÇÃO DA CONTABILIDADE
Definimos então, contabilidade como o sistema de informações que controla o patrimônio de uma entidade. Uma entidade contábil é o conjunto patrimonial pertencente a uma pessoa jurídica ou pessoa física. No caso de pessoa jurídica, esta pode ser com ou sem fins lucrativos.
PATRIMÔNIO
Patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de uma empresa (de uma entidade). São aqueles itens que a civilização convencionou chamar de riquezas, por serem raros, úteis, fungíveis (característica de troca), tangíveis (característica de poder ser movimentado e ser tocado fisicamente), desejáveis etc.
CONTROLE
O conceito de controle para a contabilidade está intimamente relacionado à mensuração dos elementos patrimoniais (os bens) na moeda corrente do país (em reais). Isso significa que, ao lado da descrição de todos os bens, a contabilidade deverá colocar o valor desses bens.
DIREITOS E OBRIGAÇÕES
Após o primeiro passo, quando deixamos claro que os bens compõem o patrimônio de uma entidade (pessoa física ou pessoa jurídica (empresa)), verificamos que existem outros tipos de elementos que os homens comumente consideram também como riquezas. São os valores a receber de terceiros, pois em algum momento, deixamos certos bens guardados por outras pessoas. É direito, tais como promissórias a receber, saldo bancário, caderneta de poupança, imposto de renda a restituir do governo etc.
Se alguém tem um direito para com um terceiro, é porque esse terceiro tem uma obrigação para com ele. Ou seja, no exato momento em que nasce o direito para uma pessoa, nasce uma obrigação para o seu parceiro. Assim, ao incorporarmos os direitos no conceito de patrimônio controlado pela contabilidade, temos de, inevitavelmente, considerar as obrigações.
DEFINIÇÃO DE PATRIMÔNIO
Podemos agora definir patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade.
Os bens e direitos, por serem desejáveis, são considerados elementos patrimoniais positivos, as obrigações por serem de caráter restritivo, são considerados elementos patrimoniais negativos.
HISTÓRIA DA CONTABILIDADE
Em 1494 foi publicado na Itália o Tractatus de Computis et Scripturis dentro da obra Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá. Seu autor, o frei Luca Pacioli, matemático, teólogo e contabilista é considerado o ¨pai¨ da Ciência Contábil moderna. Luca Pacioli é citado comumente como o fundador da Contabilidade.
A grande inovação da obra de Pacioli foi a introdução do método de escrituração contábil denominado de ¨Método das Partidas Dobradas¨. Sabe-se, contudo, que não foi o frei Luca Pacioli o ¨inventor¨ do método. Ele apenas descreveu uma metodologia já em uso na Itália, pelo menos desde o século anterior. A grande importância da obra de Pacioli está, outrossim, em reconhecer esse método como o ideal para a escrituração, além de que em sua obra há toda uma preocupação de sistematizar os conceitos e o instrumental contábil para registro e controle de um patrimônio.
Em termos históricos, registros indicam que a ciência contábil praticamente surgiu com o advento da civilização. Com a sedentarização da humanidade e a descoberta da capacidade do homem de armazenar bens, nasceu a necessidade de controle desses bens. Há evidências históricas de registros contábeis nas civilizações dos sumérios, babilônios, assírios, egípcios, hebreus, gregos etc.
Fundamentalmente, com o método das Partidas Dobradas criou-se a figura do patrimônio líquido. Isso significa que, basicamente, nos primórdios da contabilidade, o registro era feito em partidas simples. A partida simples buscava contabilizar os bens e direitos, mas não dava a dimensão do fundamento de causa-efeito que fundamenta as partidas dobradas. Em linhas gerais, podemos dizer que o método das partidas simples era um método de inventariar, de contar os bens. Daí o nome da contabilidade como ciência do contar. Também devido a essa característica, da contabilidade usando a ferramenta do contar, a ferramenta do inventário, é que existe a teoria contábil do inventário patrimonial, cujos conceitos ainda são de extrema valia.
A era comercial da civilização foi um momento importante para dar à ciência contábil a relevância cabível como uma ciência fundamental para a humanidade e imprescindível para regulamentar as relações da sociedade. A Revolução Industrial, sistematizando o artesanato, deu os elementos para tornar definitivamente a ciência contábil como a ciência do controle do patrimônio, incorporando definitivamente o conceito do uso da contabilidade de custos, que, posteriormente, ao final do século XIX e início do século XX, evolui para os conceitos de contabilidade gerencial.
A CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA
Sempre se discutiu se a contabilidade é arte ou ciência. Arte no sentido de ser apenas um ferramental à disposição da sociedade para acompanhamento de suas riquezas, sem bases teóricas que a fundamentem como ciência. A visão de ciência é mais profunda. Já que busca classificar a contabilidade como um ramo do conhecimento humano.
Para que um ramo do conhecimento seja considerado ciência, ele precisa apresentar uma série de características, que o tirem da simples conotação de arte, técnica ou ferramenta. Essas características ou aspectos devem ser no mínimo o seguinte:
1. O ramo de conhecimento ter objeto de estudo próprio, ou seja, um campo de atuação dos fenômenos em que ela se debruça;
2. Deve utilizar-se de métodos racionais ou científicos;
3. Deve ter um corpo de teorias, normas e princípios;
4. Apresentar o caráter de certeza de seus enunciados;
5. Estar em evolução e relacionar-se com os demais ramos de conhecimento científico;
6. Ter o caráter de generalidade em seus estudos e aplicações;
7. Seus resultados serem comprovados etc.
Não há dúvida de que a contabilidade é uma ciência, por que:
Tem objeto de estudo próprio, que é o patrimônio e os eventos econômicos que alteram esse patrimônio;
Utiliza-se de método racional, que é o método das partidas dobradas;
Estabelece relações entre os elementos patrimoniais, válidas em todos os espaços e tempos, ou seja, é um ramo de conhecimento universal e permanente;
Apresenta-se em constante evolução;
O conhecimento contábil e regido por leis, normas e princípios, ou seja, tem um corpo de teorias e princípios contábeis;
Seus estudos têm o caráter de generalidade, ou seja, os mesmos eventos econômicos reproduzidos nas mesmas condições provocam os mesmos efeitos;
Tem caráter preditivo, isto é, os modelos contábeis permitem a construção de modelos de decisão para eventos futuros;
Tem o caráter de certeza na afirmação dos seus enunciados, isto é, suas aplicações podem ser comprovadas por evidências posteriores;
Está relacionada com os demais ramos do conhecimento científico, pois se utiliza de instrumentos das ciências da matemática, filosofia, economia, psicologia, administração, direito etc.
Com o objetivo de esclarecer e comprovar que a contabilidade é uma ciência, entendemos conforme o resumo supra citado, ficando claro que as bases da ciência contábil e dos fundamentos da contabilidade como um ramo do conhecimento científico.
ESCOLAS DO PENSAMENTO CONTÁBIL
No século XX, entendemos que a contabilidade apresenta seus conceitos baseados em duas escolas principais de pensamento: a escola italiana, a mais antiga, e a escola norte-americana, de apresentação mais recente.
Fundamentalmente, a escola italiana é a que trata a contabilidade como ciência em seu sentido mais amplo, como a ciência do controle patrimonial, enquanto a escola norte-americana é mais objetiva e enfoca, principalmente, o conceito de informação útil para os diversos usuários.
Esses aspectos podem ser verificados em algumas definições de contabilidade.
Francisco D’Áuria, um dois maiores expoentes da contabilidade brasileira, representante da escola italiana, diz que a ¨contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativos aos atos e fatos da administração econômica¨.
Eldon S. Hendriksen, conceituado cientista contábil norte-americano, diz que a ¨contabilidade é um processo de comunicação e informação econômica para propósitos de tomada de decisão tanto pela administração como por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos¨.
Dessas definições ficam claras duas vertentes básicas: a escola italiana entende que a contabilidade é a ciência do controle patrimonial, enquanto a escola americana enfoca o conceito de transmissão de informação econômica.
A escola americana preocupa-se mais com a questão da transmissão da informação contábil e também com a contabilidade para usuários externos. Os princípios fundamentais de contabilidade são decorrentes da escola norte-americana. A escola italiana busca uma visão mais abrangente, colocando a ciência contábil como a ciência do controle do patrimônio, não se atendo basicamente a definir princípios ou regras a serem seguidos.
A escola italiana possui uma visão mais completa, pois seus conceitos e teorias permitem abarcar TODOS os ramos da contabilidade. Contundo em termos didáticos, a escola norte-americana se traduz de forma mais objetiva.
CENÁRIOS CONTÁBEIS
A contabilidade é uma ciência nitidamente social quanto às suas finalidades, mas, como metodologia de mensuração, abarca tanto o social quanto o quantitativo.
È social quanto às finalidades, pois, em última análise, através de suas avaliações do progresso de entidades, propicia um melhor conhecimento das configurações de rentabilidade e financeiras, e, indiretamente, auxilia os acionistas, os tomadores de decisões, os investidores a aumentar a riqueza da entidade e, como conseqüência, as suas, amenizando-lhes as necessidades.
É parcialmente social, como metodologia, em seus critérios valorativos, baseados em preços, valores e apropriações que envolvem grande dose de julgamento, subjetividade e incerteza, decorrentes do próprio ambiente econômico e social em que as entidades operam.
É em parte quantitativa, em sua forma de materialização na equação patrimonial básica, que não admite desgarra mentos de sua lógica formal.
Tais equações, por serem sempre satisfeitas, assumem o caráter de identidades contábeis. O mecanismo de débito e crédito nas contas (partidas dobradas) deságua, necessariamente, nas identidades supramencionadas.
CENÁRIOS CONTÁBEIS PRIMITIVOS
A contabilidade surgiu e desenvolveu-se num cenário social, institucional e econômico, que denominamos de primitivo, caracterizado pelas seguintes paisagens:
desenvolvimento embrionário das entidades comerciais e industrias, como hoje as conhecemos;
duração usualmente limitada dos empreendimentos, apesar de alguns exemplos de empresas com longos anos de existência;
o proprietário, como figura central da ação empresarial, em vez da entidade e da gerência;
relativa estabilidade de preços em mercados perfeitamente delimitados;
lentas mudanças na tecnologia, na qualidade e nas características operacionais dos produtos.
Não é de se estranhar, portanto, o retumbante sucesso da nova disciplina, se imaginar que, basicamente, sobretudo em sua parte formal quantitativa, nada ou quase nada mudou na Contabilidade desde o século XV.
O primeiro choque da Contabilidade diante de um cenário diferenciado ocorreu por ocasião da Revolução Industrial e, evidentemente, a partir do século XX verifica-se o maior desafio da disciplina em face dos novos cenários, que ainda estamos tentando enfrentar.
CENÁRIO MODIFICADO
Cenário modificado é aquele hoje vivenciado no mundo, em que quase todas as paisagens descritas no cenário primitivo não mais subsistem. De fato, temos:
grande desenvolvimento de entidades, em porte, influência geográfica e variedade;
duração usualmente muito longa dos empreendimentos, apesar de alguns exemplos de empresas com poucos anos de existência;
a entidade em si, como figura central da ação empresarial, em vez do proprietário;
relativa instabilidade de preços em mercados tremendamente ampliados;
rápidas e, as vezes, velocíssimas mudanças na tecnologia, na qualidade e nas características operacionais dos produtos.
CENÁRIO BRASILEIRO
Em nosso cenário são em grande parte existentes as mesmas paisagens vistas nos demais países ocidentais mais avançados, com exceção da relativa instabilidade de preços, que se torna grande variação ascensional de preços relativos, onde a procura por bens e serviços é maior do que a oferta ou em que a procura não é dimensionada por adequada capacidade de pagar, proliferando a extensão de crédito, nas mais variadas formas, colocando cada vez mais meios de pagamento em circulação para a mesma quantidade de bens e serviços, recrudescendo o movimento ascensional de preços.
EVOLUÇÃO CONTABIL
4000 a.C.
Homem do Campo, atividade Principal – Agrícola/Pastoril, Moeda: Gado = Troca;
1494 d.C.
Surgimento moeda, surgimento da imprensa, Renascimento Italiano, Atividades Comerciais. Europa/Oriente – Luca Pacioli desenvolve a idéia de Bens, Direitos, Obrigações, Patrimônio Líquido (PL), Lucro ou Prejuízo;
1800 d.C.
Revolução Industrial, Máquinas e Equipamentos na Produção, Instalações, Construções, Departamentos, Custos dos Produtos, Idéia de Ativo Permanente: Depreciações, Acionistas;
E.U.A. 1929
Queda da Bolsa NY, Normatização da Contabilidade, E.U.A. Obrigatoriedade:
1. Depreciação;
2. Parecer Auditoria;
3. Uniformidade;
4. Informações aos Acionistas.
Brasil 1950/1976
Abertura da Economia Industrial Multinacionais, Capital Estrangeiro, Abertura da Bolsa de Valores, Lei nº. 6.404/76:
1. Obrigatoriedade Auditoria;
2. Normas Contábeis Uniformes;
3. Contador substitui o Guarda Livros.
2007
Transações Internacionais, Mercado de Ações, Cisões, Fusões, Incorporações de Sociedades, Consolidações de Balanços, Conversão de Balanços para Moedas Estrangeiras.
Contabilidade é a ciência que estuda, sistematiza e interpreta registro de transações financeiras das empresas, entidades e outras organizações, empenha-se na prática de escriturar livros comerciais. Os estabelecimentos comerciais possuem livros ou fichas onde são lançados o movimento financeiro de uma empresa privada, uma entidade ou organização, ou mesmo de uma administração pública, os lançamentos nos livros e fichas hoje são comuns e podem ser feitos através de sistema eletrônico (informatizado). A contabilidade tem suma importância porque informa sobre a marcha de negócios, preços de custos, preços de vendas e a oscilação do mercado financeiro, é através da contabilidade que os administradores têm suas tomadas de decisão sobre fabricação, compra e venda de produtos, mercadorias e serviços. Serve como elemento comprovativo aos fiscais que inspecionam as escritas, os impostos e examinam o bom ou mau andamento da firma.
OBJETIVO DA CONTABILIDADE
O objetivo da contabilidade é o controle de um patrimônio. O Controle é feito através de coleta, armazenamento e processamento das informações oriundas dos fatos que alteram essa massa patrimonial.
DEFINIÇÃO DA CONTABILIDADE
Definimos então, contabilidade como o sistema de informações que controla o patrimônio de uma entidade. Uma entidade contábil é o conjunto patrimonial pertencente a uma pessoa jurídica ou pessoa física. No caso de pessoa jurídica, esta pode ser com ou sem fins lucrativos.
PATRIMÔNIO
Patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de uma empresa (de uma entidade). São aqueles itens que a civilização convencionou chamar de riquezas, por serem raros, úteis, fungíveis (característica de troca), tangíveis (característica de poder ser movimentado e ser tocado fisicamente), desejáveis etc.
CONTROLE
O conceito de controle para a contabilidade está intimamente relacionado à mensuração dos elementos patrimoniais (os bens) na moeda corrente do país (em reais). Isso significa que, ao lado da descrição de todos os bens, a contabilidade deverá colocar o valor desses bens.
DIREITOS E OBRIGAÇÕES
Após o primeiro passo, quando deixamos claro que os bens compõem o patrimônio de uma entidade (pessoa física ou pessoa jurídica (empresa)), verificamos que existem outros tipos de elementos que os homens comumente consideram também como riquezas. São os valores a receber de terceiros, pois em algum momento, deixamos certos bens guardados por outras pessoas. É direito, tais como promissórias a receber, saldo bancário, caderneta de poupança, imposto de renda a restituir do governo etc.
Se alguém tem um direito para com um terceiro, é porque esse terceiro tem uma obrigação para com ele. Ou seja, no exato momento em que nasce o direito para uma pessoa, nasce uma obrigação para o seu parceiro. Assim, ao incorporarmos os direitos no conceito de patrimônio controlado pela contabilidade, temos de, inevitavelmente, considerar as obrigações.
DEFINIÇÃO DE PATRIMÔNIO
Podemos agora definir patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade.
Os bens e direitos, por serem desejáveis, são considerados elementos patrimoniais positivos, as obrigações por serem de caráter restritivo, são considerados elementos patrimoniais negativos.
HISTÓRIA DA CONTABILIDADE
Em 1494 foi publicado na Itália o Tractatus de Computis et Scripturis dentro da obra Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá. Seu autor, o frei Luca Pacioli, matemático, teólogo e contabilista é considerado o ¨pai¨ da Ciência Contábil moderna. Luca Pacioli é citado comumente como o fundador da Contabilidade.
A grande inovação da obra de Pacioli foi a introdução do método de escrituração contábil denominado de ¨Método das Partidas Dobradas¨. Sabe-se, contudo, que não foi o frei Luca Pacioli o ¨inventor¨ do método. Ele apenas descreveu uma metodologia já em uso na Itália, pelo menos desde o século anterior. A grande importância da obra de Pacioli está, outrossim, em reconhecer esse método como o ideal para a escrituração, além de que em sua obra há toda uma preocupação de sistematizar os conceitos e o instrumental contábil para registro e controle de um patrimônio.
Em termos históricos, registros indicam que a ciência contábil praticamente surgiu com o advento da civilização. Com a sedentarização da humanidade e a descoberta da capacidade do homem de armazenar bens, nasceu a necessidade de controle desses bens. Há evidências históricas de registros contábeis nas civilizações dos sumérios, babilônios, assírios, egípcios, hebreus, gregos etc.
Fundamentalmente, com o método das Partidas Dobradas criou-se a figura do patrimônio líquido. Isso significa que, basicamente, nos primórdios da contabilidade, o registro era feito em partidas simples. A partida simples buscava contabilizar os bens e direitos, mas não dava a dimensão do fundamento de causa-efeito que fundamenta as partidas dobradas. Em linhas gerais, podemos dizer que o método das partidas simples era um método de inventariar, de contar os bens. Daí o nome da contabilidade como ciência do contar. Também devido a essa característica, da contabilidade usando a ferramenta do contar, a ferramenta do inventário, é que existe a teoria contábil do inventário patrimonial, cujos conceitos ainda são de extrema valia.
A era comercial da civilização foi um momento importante para dar à ciência contábil a relevância cabível como uma ciência fundamental para a humanidade e imprescindível para regulamentar as relações da sociedade. A Revolução Industrial, sistematizando o artesanato, deu os elementos para tornar definitivamente a ciência contábil como a ciência do controle do patrimônio, incorporando definitivamente o conceito do uso da contabilidade de custos, que, posteriormente, ao final do século XIX e início do século XX, evolui para os conceitos de contabilidade gerencial.
A CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA
Sempre se discutiu se a contabilidade é arte ou ciência. Arte no sentido de ser apenas um ferramental à disposição da sociedade para acompanhamento de suas riquezas, sem bases teóricas que a fundamentem como ciência. A visão de ciência é mais profunda. Já que busca classificar a contabilidade como um ramo do conhecimento humano.
Para que um ramo do conhecimento seja considerado ciência, ele precisa apresentar uma série de características, que o tirem da simples conotação de arte, técnica ou ferramenta. Essas características ou aspectos devem ser no mínimo o seguinte:
1. O ramo de conhecimento ter objeto de estudo próprio, ou seja, um campo de atuação dos fenômenos em que ela se debruça;
2. Deve utilizar-se de métodos racionais ou científicos;
3. Deve ter um corpo de teorias, normas e princípios;
4. Apresentar o caráter de certeza de seus enunciados;
5. Estar em evolução e relacionar-se com os demais ramos de conhecimento científico;
6. Ter o caráter de generalidade em seus estudos e aplicações;
7. Seus resultados serem comprovados etc.
Não há dúvida de que a contabilidade é uma ciência, por que:
Tem objeto de estudo próprio, que é o patrimônio e os eventos econômicos que alteram esse patrimônio;
Utiliza-se de método racional, que é o método das partidas dobradas;
Estabelece relações entre os elementos patrimoniais, válidas em todos os espaços e tempos, ou seja, é um ramo de conhecimento universal e permanente;
Apresenta-se em constante evolução;
O conhecimento contábil e regido por leis, normas e princípios, ou seja, tem um corpo de teorias e princípios contábeis;
Seus estudos têm o caráter de generalidade, ou seja, os mesmos eventos econômicos reproduzidos nas mesmas condições provocam os mesmos efeitos;
Tem caráter preditivo, isto é, os modelos contábeis permitem a construção de modelos de decisão para eventos futuros;
Tem o caráter de certeza na afirmação dos seus enunciados, isto é, suas aplicações podem ser comprovadas por evidências posteriores;
Está relacionada com os demais ramos do conhecimento científico, pois se utiliza de instrumentos das ciências da matemática, filosofia, economia, psicologia, administração, direito etc.
Com o objetivo de esclarecer e comprovar que a contabilidade é uma ciência, entendemos conforme o resumo supra citado, ficando claro que as bases da ciência contábil e dos fundamentos da contabilidade como um ramo do conhecimento científico.
ESCOLAS DO PENSAMENTO CONTÁBIL
No século XX, entendemos que a contabilidade apresenta seus conceitos baseados em duas escolas principais de pensamento: a escola italiana, a mais antiga, e a escola norte-americana, de apresentação mais recente.
Fundamentalmente, a escola italiana é a que trata a contabilidade como ciência em seu sentido mais amplo, como a ciência do controle patrimonial, enquanto a escola norte-americana é mais objetiva e enfoca, principalmente, o conceito de informação útil para os diversos usuários.
Esses aspectos podem ser verificados em algumas definições de contabilidade.
Francisco D’Áuria, um dois maiores expoentes da contabilidade brasileira, representante da escola italiana, diz que a ¨contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativos aos atos e fatos da administração econômica¨.
Eldon S. Hendriksen, conceituado cientista contábil norte-americano, diz que a ¨contabilidade é um processo de comunicação e informação econômica para propósitos de tomada de decisão tanto pela administração como por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos¨.
Dessas definições ficam claras duas vertentes básicas: a escola italiana entende que a contabilidade é a ciência do controle patrimonial, enquanto a escola americana enfoca o conceito de transmissão de informação econômica.
A escola americana preocupa-se mais com a questão da transmissão da informação contábil e também com a contabilidade para usuários externos. Os princípios fundamentais de contabilidade são decorrentes da escola norte-americana. A escola italiana busca uma visão mais abrangente, colocando a ciência contábil como a ciência do controle do patrimônio, não se atendo basicamente a definir princípios ou regras a serem seguidos.
A escola italiana possui uma visão mais completa, pois seus conceitos e teorias permitem abarcar TODOS os ramos da contabilidade. Contundo em termos didáticos, a escola norte-americana se traduz de forma mais objetiva.
CENÁRIOS CONTÁBEIS
A contabilidade é uma ciência nitidamente social quanto às suas finalidades, mas, como metodologia de mensuração, abarca tanto o social quanto o quantitativo.
È social quanto às finalidades, pois, em última análise, através de suas avaliações do progresso de entidades, propicia um melhor conhecimento das configurações de rentabilidade e financeiras, e, indiretamente, auxilia os acionistas, os tomadores de decisões, os investidores a aumentar a riqueza da entidade e, como conseqüência, as suas, amenizando-lhes as necessidades.
É parcialmente social, como metodologia, em seus critérios valorativos, baseados em preços, valores e apropriações que envolvem grande dose de julgamento, subjetividade e incerteza, decorrentes do próprio ambiente econômico e social em que as entidades operam.
É em parte quantitativa, em sua forma de materialização na equação patrimonial básica, que não admite desgarra mentos de sua lógica formal.
Tais equações, por serem sempre satisfeitas, assumem o caráter de identidades contábeis. O mecanismo de débito e crédito nas contas (partidas dobradas) deságua, necessariamente, nas identidades supramencionadas.
CENÁRIOS CONTÁBEIS PRIMITIVOS
A contabilidade surgiu e desenvolveu-se num cenário social, institucional e econômico, que denominamos de primitivo, caracterizado pelas seguintes paisagens:
desenvolvimento embrionário das entidades comerciais e industrias, como hoje as conhecemos;
duração usualmente limitada dos empreendimentos, apesar de alguns exemplos de empresas com longos anos de existência;
o proprietário, como figura central da ação empresarial, em vez da entidade e da gerência;
relativa estabilidade de preços em mercados perfeitamente delimitados;
lentas mudanças na tecnologia, na qualidade e nas características operacionais dos produtos.
Não é de se estranhar, portanto, o retumbante sucesso da nova disciplina, se imaginar que, basicamente, sobretudo em sua parte formal quantitativa, nada ou quase nada mudou na Contabilidade desde o século XV.
O primeiro choque da Contabilidade diante de um cenário diferenciado ocorreu por ocasião da Revolução Industrial e, evidentemente, a partir do século XX verifica-se o maior desafio da disciplina em face dos novos cenários, que ainda estamos tentando enfrentar.
CENÁRIO MODIFICADO
Cenário modificado é aquele hoje vivenciado no mundo, em que quase todas as paisagens descritas no cenário primitivo não mais subsistem. De fato, temos:
grande desenvolvimento de entidades, em porte, influência geográfica e variedade;
duração usualmente muito longa dos empreendimentos, apesar de alguns exemplos de empresas com poucos anos de existência;
a entidade em si, como figura central da ação empresarial, em vez do proprietário;
relativa instabilidade de preços em mercados tremendamente ampliados;
rápidas e, as vezes, velocíssimas mudanças na tecnologia, na qualidade e nas características operacionais dos produtos.
CENÁRIO BRASILEIRO
Em nosso cenário são em grande parte existentes as mesmas paisagens vistas nos demais países ocidentais mais avançados, com exceção da relativa instabilidade de preços, que se torna grande variação ascensional de preços relativos, onde a procura por bens e serviços é maior do que a oferta ou em que a procura não é dimensionada por adequada capacidade de pagar, proliferando a extensão de crédito, nas mais variadas formas, colocando cada vez mais meios de pagamento em circulação para a mesma quantidade de bens e serviços, recrudescendo o movimento ascensional de preços.
EVOLUÇÃO CONTABIL
4000 a.C.
Homem do Campo, atividade Principal – Agrícola/Pastoril, Moeda: Gado = Troca;
1494 d.C.
Surgimento moeda, surgimento da imprensa, Renascimento Italiano, Atividades Comerciais. Europa/Oriente – Luca Pacioli desenvolve a idéia de Bens, Direitos, Obrigações, Patrimônio Líquido (PL), Lucro ou Prejuízo;
1800 d.C.
Revolução Industrial, Máquinas e Equipamentos na Produção, Instalações, Construções, Departamentos, Custos dos Produtos, Idéia de Ativo Permanente: Depreciações, Acionistas;
E.U.A. 1929
Queda da Bolsa NY, Normatização da Contabilidade, E.U.A. Obrigatoriedade:
1. Depreciação;
2. Parecer Auditoria;
3. Uniformidade;
4. Informações aos Acionistas.
Brasil 1950/1976
Abertura da Economia Industrial Multinacionais, Capital Estrangeiro, Abertura da Bolsa de Valores, Lei nº. 6.404/76:
1. Obrigatoriedade Auditoria;
2. Normas Contábeis Uniformes;
3. Contador substitui o Guarda Livros.
2007
Transações Internacionais, Mercado de Ações, Cisões, Fusões, Incorporações de Sociedades, Consolidações de Balanços, Conversão de Balanços para Moedas Estrangeiras.
Willian Ferreira dos Santos
willian_limeira@vivax.com.br
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