quarta-feira, 11 de março de 2009

Por Dentro do Mercado


Mercado já dá aval a choque de juros

Luiz Sérgio Guimarães

11/03/2009


O que dá para o governo fazer em matéria de política fiscal para evitar a recessão? Muito pouco. Poder então tentar ser mais "criativo" em política de crédito. Para que o empresários e consumidores voltem a tomar empréstimos, precisam reconfiar nos rumos da economia. Como resgatar essa confiança? O que sempre foi a maldição da economia brasileira - a taxa de juro doentiamente elevada - pode ser a sua salvação. Enquanto os outros países não têm mais o que cortar em termos de custo do dinheiro, aqui há um vasto horizonte de oportunidade. O Copom do Banco Central tem hoje a chance de redimir-se dos erros recentes e dar início a uma inteiramente nova política monetária. As pesadas quedas sofridas ontem pelo juros futuros parecem dar aval à uma guinada nas posições históricas ultraconservadoras do Copom.

O fato que chocou o mercado ontem e aprofundou o declínio dos CDIs futuros foi a conscientização de que a economia, na melhor das hipóteses, irá crescer quase nada este ano. A última estimativa do Focus, de alta de 1,2%, está superdimensionada. Ao invés de ter caído 3,6% no quatro trimestre de 2008 sobre o terceiro, o PIB poderia ter acusado retrocesso de 2,6% se o IBGE não tivesse, no entender do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, introduzido "mudanças metodológicas inesperadas na dessazonalização". E daí? Daí que, para efeito do que interessa, a projeção para o futuro, tanto faz. O carregamento estatístico do PIB do quatro trimestre para o de 2009 é de 1,5% negativo. E o primeiro trimestre deste ano, configurando uma recessão técnica, deve cair 1,3% na margem. Então, o segundo, o terceiro e o quarto trimestres de 2009 têm de registrar avanços significativos para que o produto do ano seja apenas levemente positivo. Ao contrário da Fazenda, o BC pode agir para evitar a estagnação. Como? Basta fazer o que o mercado chama de "choque de juros". Que não se pense que tal expressão signifique uma "paulada" na Selic. Nada disso. Não irá se abandonar o gradualismo.

Mas, agora, o "gradualismo" não se contenta mais com o ritmo pachorrento de 0,25 ou 0,50 ponto. Apenas não se irá desfechar uma pancada única de 3,75 ponto, trazendo a Selic dos atuais 12,75% para 9% de um vez só. No entanto, considera-se palatável dois cortes de 1,5 ponto (um hoje e o outro no Copom de 29 de abril) e uma baixa de 0,75 ponto no de 10 de junho. O BC conseguiria encerrar o primeiro semestre do ano com Selic de 9%. É exatamente isso o que propõe o economista-chefe da Gradual Investimentos, Pedro Paulo Silveira. Não se trata de uma proposição muito diferente da formulada pela vanguarda mais esclarecida do mercado. A vantagem do "gradualismo" do 1,5 ponto de corte por reunião até se atingir uma Selic de equilíbrio, ajustada aos atuais tempos de crise global feroz, é arrebatar a simpatia e a confiança dos investidores. Eles precisam "comprar" a velocidade de queda como adequada e condizente com os novos tempos. Se a ideia for assimilada como natural, os juros longos - os que de fato importam - declinam, favorecendo a recuperação do investimento. Isso poderia não acontecer se o Copom utilizasse a estratégia do "choque único": apenas uma paulada de 3,75 pontos. Os juros longos poderiam mostrar-se resistentes à queda, ou até subir, com medo de que a pressa do BC viesse a facilitar o repasse aos preços da depreciação cambial.

Para o gradualismo do 1,5 ponto dar certo, o BC precisa explicitá-lo no comunicado que será expedido hoje ao término da reunião do Copom. Ele precisa remover a expressão "parte relevante" do aperto imaginado e enfatizar a busca de uma Selic baixa o suficiente para manter um juro longo propício à retomada da economia. Será em cima de uma taxa longa baixa, compatível com a época de crise, que será exercitada a criatividade do crédito e desenvolvidos programas oficiais de incentivo setorial ao crescimento. O Copom precisa buscar, e sustentar, um juro real abaixo de 5%. E ele não está longe. Bateu ontem em 5,44% (swap de 360 dias a 10,13% e expectativa de IPCA 12 meses à frente de 4,45%). Se o mercado perceber que esse juro real abaixo de 5% não provoca inflação irá perseguir outros patamares ainda mais baixos, na faixa de 4%.

O pregão de juros futuros da BM&F está sensível a juros nominais raramente vistos na economia brasileira. O CDI estimado para a virada do ano cedeu ontem de 10,17% para 10,12%. O juro longo por excelência, com vencimento em janeiro de 2012, consolida-se abaixo de 11%. Caiu ontem de 10,96% para 10,72%. O oferecimento de juros reais cada vez mais baixos parece não assustar os investidores estrangeiros. O dólar fechou ontem cotado a R$ 2,3490, em desvalorização de 1,3%, sintonizado com a melhora do humor internacional.



FONTE: Luiz Sérgio Guimarães - Repórter de Finanças - E-mail: luiz.guimaraes@valor.com.br

PIB do Brasil é o pior dos Brics



O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que recuou 3,6% no último trimestre em relação ao perído imediatamente anterior, é o pior até agora entre os países do Bric (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China). A queda é ainda superior à redução do PIB da Europa. "O resultado é chocante", afirmou o alemão Heiner Flassbeck, economista-chefe da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento e Comércio.


Os dados do Brasil ficam piores na comparação anualizada. Na China, o crescimento no quarto trimestre (anualizado) foi de 6,5%. A Índia cresceu 5,3%, menos que a previsão de 7,6%. Se o recuo de 3,6% do PIB brasileiro no quarto trimestre de 2008 for anualizado, pode significar uma queda de 13,6% da atividade econômica em 2009. Já a Rússia sofre tanto com a queda do preço do petróleo como com a redução da demanda na Europa para suas exportações. O resultado é um crescimento previsto ainda de 2% para os últimos três meses de 2008. Para 2009, a previsão é de que a economia russa sofra uma contração de até 0,7%.


O resultado brasileiro é ainda pior que a queda do PIB na Europa no quarto trimestre de 2008. A média da redução foi de 2,4% e pôs a Europa em uma recessão, fez a inflação despencar e está levando ao desemprego mais de 12 mil pessoas diariamente nos 27 países da União Européia (UE). Entre os 16 países que usam o euro (zona do euro), a queda foi de 1,5% entre outubro e dezembro do ano passado.


Com o recuo, o Brasil ocupará a quarta posição no ranking de crescimento do PIB com base no desempenho do quarto trimestre projetado para este ano, segundo a consultoria Austin Rating. Esse ranking é liderado pela Tailândia, com recuo de 22,2% do PIB projetado para 2009, seguido pela Coréia (-20,8%) e Cingapura (-16,4%).


FONTE: As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

IRPF 2009: Receita recebeu 1.7 milhão declarações até hoje (11/3)



Brasília, 11 de março de 2009


A Receita Federal do Brasil (RFB) recebeu até às 11h de hoje (11/3) 1.700.763 declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) 2009.

A expectativa da Receita é que cerca de 25 milhões de contribuintes prestem contas este ano. O prazo de entrega termina dia 30 de abril, às 24h.

Quem não entregar a declaração dentro do prazo terá que pagar multa de R$ 165,74.

Diferente do ano passado, até mesmo a primeira quota do imposto devido poderá ser paga por meio do débito em conta agendado. Para isso o contribuinte deverá transmitir sua declaração até 31 de março. Para os contribuintes que transmitirem a declaração após esse prazo o agendamento estará disponível a partir da segunda quota.


FONTE: http://www.receita.fazenda.gov.br