segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O preço do sucesso profissional




Alcançar o topo da carreira exige muito estudo, investimentos e planejamento cuidadoso.



Fernanda Pressinott - 25/1/2009 - 21h52.




Cerca de 600 mil profissionais são formados todos os anos pelas faculdades e universidades brasileiras. Desse total, no entanto, apenas 47% conseguem trabalhar na área em que escolheram, de acordo com dados do Ministério da Educação. Para fugir dessa estatística negativa, o estudante que quer fazer sucesso no mercado de trabalho precisa ter talento, boa rede de contatos e sorte, mas também tem que investir pesado nos estudos.

O interessante é que você pode projetar quanto vai ganhar em um prazo de dez, 20 ou 30 anos e quanto gastar para chegar lá. A primeira parte do processo é relativamente simples:

basta pesquisar o salário médio dos profissionais da área em que atua ou quer atuar e esquecer as discrepâncias (os valores mais altos e os mais baixos). No começo da carreira é difícil dizer se você tem realmente talento para aquilo que escolheu e, portanto, impossível saber se vai conseguir se destacar para passar do salário médio.

Valores presentes

Além disso, quando se fala em carreira o tempo de projeção é muito longo, cerca de 40, 45 anos, o que torna o cálculo de ganhos muito difícil. "As condições macroeconômicas mudam, as carreiras em ascensão também, assim como o rendimento para cada uma delas. Então, o que se pode fazer é trabalhar com valores presentes, para ter noção do tipo de vida que terá no futuro", afirma o professor especialista em Sociologia do Trabalho Luiz Guilherme Brom, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap). De qualquer forma, uma coisa é certa, diz ele: "quanto mais tempo de estudo, maior será seu salário".

Salários maiores

Se for um executivo de uma grande empresa, por exemplo, os ganhos podem chegar a R$ 12 mil mensais, ou R$ 144 mil no ano sem tanta dificuldade, para aqueles que têm 40 anos de carreira, destaca o diretor-geral da empresa de consultoria em RH e recolocação profissional BPI, Gilberto Guimarães.

De acordo com seus cálculos, na primeira década de trabalho uma pessoa com bom nível socioeconômico ganha, em média, R$ 1 mil mensais; na segunda década, o rendimento passa a R$ 3 mil por mês e na terceira, atinge R$ 10 mil. "Em 40 anos de profissão, um executivo acumula entre R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões. E isso é a prova de que o estudo vale a pena", afirma.

Na ponta do lápis

Quanto você irá gastar para chegar ao sucesso no trabalho é relativo – depende da profissão escolhida e da situação socioeconômica de sua família. Mas é possível fazer algumas estimativas. Por exemplo, para ser um executivo de grande empresa, no cargo de gerência ou diretoria, um profissional entre 40 e 50 anos gasta, em média, R$ 181,13 mil ao longo da vida. O cálculo é da Apoema Inteligência em Pessoas, que entrevistou seus 32 clientes com esse nível profissional.

O valor leva em consideração uma graduação, uma pós-graduação, depois de alguns anos um MBA e um curso fora do País (72% dos entrevistados fizeram cursos no exterior), além de curso tradicional de idiomas (inglês, espanhol), três workshops e/ou treinamentos durante a carreira, palestras e cursos de aprimoramento pessoal. Vale lembrar que esse cálculo também é feito com o valor presente (veja detalhes na tabela).

Nova mentalidade

Segundo o diretor de Projetos Especiais da Apoema, Marcos Tonin, o mais interessante da pesquisa é que embora 92% dos executivos entrevistados saibam da importância de continuar estudando para manter o emprego e a capacidade de trabalho, apenas 18% realmente estão cursando algum tipo de faculdade, especialização ou MBA.

"O problema dos latinoamericanos em geral, brasileiros incluídos, é que eles esperam que a empresa invista neles", observa. "Eles não veem cursos como investimento, mas sim como gasto", acrescenta Tonin. "Trabalhamos para mudar essa mentalidade, para mostrar ao executivo o que ele precisa fazer para atingir o que quer. Mas é a própria pessoa que decide aonde quer chegar e quando", destaca. A Apoema trabalha com desenvolvimento profissional e pessoal.

Relacionamento

Apesar de a especialização ser fundamental para conseguir uma boa carreira, Tonin ressalta que esse não é o único tipo de estudo que o profissional deve planejar ao longo da vida. De acordo com o diretor, é preciso estudar comportamento e relacionamento interpessoal para se dar bem em qualquer área de atuação.

O especialista em gestão empresarial Werner Kuelmeier concorda com a avaliação de Tonin e afirma ainda que, tão importantes quanto a formação acadêmica, são a iniciativa e a criatividade.

"É preciso lapidar os comportamentos indesejados, até com ajuda profissional se for o caso, e lançar mão de ideias que os outros não tenham", afirma. "Também é importante o profissional se lançar em desafios, como por exemplo, pedir a empresa para fazer um estágio na matriz fora do país", completa Kuelmeier.

Outro ponto fundamental no planejamento de sua carreira, afirmam os especialistas, é criar uma boa rede de contatos. Oito entre dez profissionais são recolocados no mercado por indicação de outro trabalhador da empresa.


















Fonte: Diário do Comércio - http://www.dcomercio.com.br/
26 de janeiro de 2009.

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