sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Administrando o Caixa da Empresa na Crise Atual


Como Administrar o Caixa da Empresa na Crise Atual


Em meio à turbulência da crise financeira surgem os desafios sob diversos ângulos da gestão da pequena empresa. A maior preocupação é com a questão do crédito, um fator crucial para o equacionamento da vida financeira das empresas. A crise é de confiança e isso é um breque nos diversos movimentos da economia: na decisão de consumo, por parte do consumidor, e na decisão de investimento, por parte dos empresários.

Para driblar esse momento e preparar-se para atravessar essa onda de instabilidade, esse é o momento ideal de redimensionar os planos, a previsão de gastos e a situação financeira, a fim de poder equacionar o fluxo de caixa de maneira satisfatória. O caixa reflete todas as decisões estratégicas da empresa, ao mesmo tempo em que ele é um norte para as próximas decisões.

Os cuidados para a administração do caixa vão desde a análise dos planos estratégicos, até o efetivo pagamento das contas do dia a dia. Cabe ao empresário contemplar as mais diferentes situações possíveis, a partir do seu Fluxo de Caixa, simular diferentes alternativas e localizar possíveis pontos críticos, a fim de solucioná-los com a devida antecedência.

A fim de orientar o gestor do Fluxo de Caixa da empresa, no sentido de se prevenir de possíveis gargalos financeiros, vai aqui algumas dicas a serem observadas:

Negociar com fornecedores: procurar negociar prazos alongados de pagamentos que possibilitem ao empresário ter um capital de giro maior; renegociar contratos já assumidos, buscando sempre o alongamento de prazos; verificar as taxas que foram negociadas e buscar uma redução no momento da negociação. Para novos contratos, fazer diversas cotações e comparar sempre prazos e taxas.

Negociar com clientes prazos de pagamentos mais curtos: de outro lado procurar sempre negociar com os clientes prazos mais curtos para recebimento de parcelas. Essa redução de prazo, conjugado com o alongamento das negociações com fornecedores, poderá dar um fôlego à empresa no que diz respeito ao capital de giro.

Avaliar a forma de remuneração do capital da empresa: para empresas que possuem capital remunerado em aplicações de mercado avaliar e comparar alternativas oferecidas, comparando taxas e prazos.

Melhorar a reciprocidade bancária: reduzir o número de bancos com quem opera, a fim de evitar o pagamento duplicado de tarifas. Reduzindo o número de bancos melhora a reciprocidade bancária e, com isso, o empresário tem maior poder de barganha para negociar redução de pacotes de tarifas com o gerente de sua agência.

Reavaliar seu perfil de endividamento: rever seu nível de endividamento; verificar as possibilidades de redução de sua dívida; planejar o pagamento das dívidas; renegociar saldos devedores e taxas aplicadas; procurar planejar o pagamento de grandes amortizações em momentos favoráveis do fluxo de caixa; renegociar esses desembolsos quando o fluxo de caixa é desfavorável, a fim de não provocar saldos negativos que poderá levar a empresa à necessidade de novas dívidas.

Reduzir custos desnecessários, fixar metas de despesas: analisar sempre a prioridade dos desembolsos, identificando os que são de urgência e planejando os demais para momentos mais adequados, considerando inclusive o parcelamento dos mesmos; verificar outras possibilidades em relação ao desembolso, outras formas menos onerosas; comparar o custo-benefício de cada uma delas.

Avaliar o custo de seus estoques: verificar a real necessidade do nível do estoque; avaliar o custo desse estoque, em comparação com a geração de caixa que ele proporciona, bem como sua margem de lucro; buscar alternativas, por exemplo, a encomenda de mercadorias com data prevista, a fim de não deixar estoque parado mais do que o necessário ao giro do negócio.

Avaliar formas de recebimento de clientes em atraso: controlar o cadastro de inadimplentes; propor renegociações; conceder descontos, a fim de recuperar créditos e gerar melhor capital para o giro dos negócios.

Avaliar gastos com logística e planejar operações: avaliar na negociação custo de entrega e de fretes, bem como formas de reduzir o preço dessa operação, analisando alternativas; comparar custos de entrega e de retirada própria; avaliar riscos de desvio de mercadorias e outros problemas que podem encarecer o custo da logística, por exemplo, seguro de mercadorias.

Verificar possíveis perdas: perda é todo valor não recebido por conta de erros na operação ou da falta de prevenção. Podem ocorrer de diversas formas, muitas vezes imperceptíveis, que podem reduzir o resultado final da operação. Utilizar mecanismos de aferição de mercadorias e difundir procedimentos que possam reduzir custos.

Reavaliar investimentos: com a crise que se anuncia na economia, cabe a reavaliação dos planos de investimentos, identificando os que possam dar retorno e calculando o valor desse retorno, bem como seu prazo. A partir dessas informações, decidir pela sua continuidade ou interrupção. Se houver mais fatores de incerteza, cabe a reprogramação do investimento, caso contrário, o mesmo poderá levar a empresa a uma situação maior de endividamento.

Analisar a posição de seus ativos e respectivos custos: verificar o custo de manutenção dos ativos, bem como a viabilidade de venda de parte de seus ativos mais onerosos e que não indiquem retorno no curto prazo.

Rever todos os processos operacionais: conforme o ramo de negócio, verificar todas as etapas de sua atividade, bem como seus custos. Com base nessa análise será possível identificar quais atividades estão de acordo com o foco do negócio e, a partir disso, eliminar tarefas desnecessárias e onerosas, obtendo maior produtividade com menor custo.

Essas e outras providências podem ser tomadas, a fim de buscar uma gestão de caixa eficaz. As perdas e gastos desnecessários podem estar ocorrendo nesse momento na empresa, sem a devida identificação.

Como se pode observar, a administração do caixa é estratégica. Passa pela avaliação de todos os processos da empresa que gerem custo ou receita. Nesse momento, ter tudo organizado e dimensionado é crucial. Essa, sem dúvida, pode ser uma decisão que pode mudar o rumo da empresa.



Willian Ferreira dos Santos
willian_limeira@vivax.com.br

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