quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Nepotismo ou Capital Social?


ARTIGO - 21/10/2008 às 11h12

Nepotismo ou Capital Social?, por Israel Ap. Gonçalves


A corrupção no Brasil é algo estrutural. Isto significa lamentavelmente um aspecto cultural, quem não faz parte é muitas vezes discriminado. Ela está ligada ao chamado ‘jeitinho’ brasileiro. Assim, há no Brasil uma confusão, primeiro, se confunde a autoridade do chefe com a lei, segundo não há confiabilidade nos outros, ou seja, todos aqueles que não são meus amigos e parentes. Neste sentido o funcionalismo público – principalmente os cargos comissionados - e o privado têm na figura do chefe um representante da lei, pois é o mesmo que irá promovê-los e poderá melhorar sua situação na empresa, enquanto a lei propriamente dita é invisível e geralmente ineficaz, ou seja, não faz parte da realidade destes trabalhadores. Logo o empregado poderá encobrir ou participar de algumas fraudes do chefe, ocorrendo assim à corrupção. A falta de confiabilidade nas pessoas é um outro fator que corrobora para a corrupção, fica evidente no nepotismo, uma espécie de lealdade com a família e amigos, evidência a não ter confiança nos desconhecidos, na sociedade, isto é, falta capital social.

O termo capital social não é apenas confiança, mas tem sua essência na racionalidade da cooperação espontânea, cujas pessoas se unem não pelo laço de amizade, moral ou religioso e sim pela eficácia, pela melhoria econômica das partes como evidencia o pensador Putnam. Assim, temos uma cultura em que a corrupção é tida como um valor moral pondo o Brasil em 40º lugar, no índice de corrupção, sabendo que o Camarões é o mais corrupto e a Dinamarca com o menor índice. Se analisarmos sobre o prisma da desigualdade social evidenciará nos países com menos desigualdade social, citando a Dinamarca, a Finlândia e a Suécia que são os menos corruptos. Outro fator que nutri a corrupção no Brasil é a concentração de renda onde 50% das riquezas da pátria estão concentrados nos 10% da população, portanto, para diminuir os altos índices de corrupção da nação faz-se necessário uma distribuição de renda. Esses índices e análises vão de encontro com a teoria de Merton, a qual, ele pressupõe que as culturas que valorizam o sucesso econômico, como um importante fator de vida, mas restringem severamente o acesso às oportunidades de ascensão financeira, tem um grau elevado de corrupção.

Para amenizar a corrupção é preciso ter nas leis uma norma de conduta moral e no capital social uma regra de convivência, fatores que devem ser correlacionados a uma distribuição de renda para que haja ao longo do tempo uma diminuição da desigualdade social no Brasil.



Fonte: http://www.iscafaculdades.com.br
Israel Aparecido Gonçalves - Professor de Antropologia, Coordenador do Grupo de Estudos: Estado e Representações Políticas. E-mail: educa_isra@yahoo.com.br
Blog: http://professorisra.blogspot.com/

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