Hoje em dia, cada vez mais observamos a necessidade de uma boa gestão no que diz respeito à gestão dos estoques nas empresas, ou seja, uma melhor eficiência no ressuprimentos de materiais. Para tanto trataremos inicialmente da classificação dos materiais de uma empresa fabril.
1. Classificação de MATERIAL:
A classificação de material surge por
necessidade, uma vez que com o aumento da industrialização e da produção em
série, foi necessário, para que não ocorressem falhas de produção devido à
inexistência ou insuficiência de peças em estoque.
2. Em relação ao ESTOQUE:
ITENS DE ESTOQUE: São materiais que devem existir em
estoque e para os quais são determinados critérios de ressuprimento automático,
com base na demanda prevista e na importância da empresa.
ITENS DE CONSUMO IMEDIATO: São itens adquiridos
esporadicamente, sem passar pelos controles de reposição de estoque.
3. Em relação à DEMANDA:
ITENS
DE DEMANDA REGULAR OU CONSTANTE: são caracterizados por pequenas variações de demanda entre
sucessivos intervalos de tempo.
ITENS
DE DEMANDA IRREGULAR:
são caracterizados por consumo aleatório, por meio de grandes variações entre
sucessivos intervalos de tempo.
ITENS
COM DEMANDA SAZONAL:
são caracterizados por padrão repetitivo de demanda, que apresenta alguns
períodos de considerável elevação em determinadas data.
ITENS
COM DEMANDA EM DECLÍNIO: são caracterizados pela redução ou extinção da demanda, e substituição
do produto.
ITENS
COM DEMANDA VARIADA:
são itens que têm a sua demanda associada a outro(s) item ou a demanda do
produto acabado.
4. Em relação a APLICAÇÃO:
MATÉRIAS-PRIMAS: material básico que irá receber um
processo de transformação dentro da fábrica, para posteriormente entrar no
estoque de acabados como produto final.
MATERIAIS
SECUNDÁRIOS/ MATERIAIS AUXILIARES: material que ajuda e participa da execução e transformação
do produto, porém não se agrega a ele, mas é imprescindível no processo de
fabricação.
PRODUTOS
EM FABICAÇÃO OU SEMI-ACABADOS: materiais em processamento, são os que estão sendo
processados ao longo do processo produtivo da empresa.
PRODUTOS
ACABADOS: são os
produtos constituintes do estágio final do processo produto, já prontos.
MATERIAIS
DE MANUTENÇÃO:
materiais de consumo, com utilização repetitiva, aplicados em manutenção.
MATERIAIS
IMPRODUTIVOS:
materiais não incorporados às características do produto fabricado.
MATERIAIS
DE CONSUMO GERAL:
materiais de consumo, com utilização repetitiva, aplicados em diversos setores
da empresa, para fins que não sejam manutenção.
5. Em relação a VALOR DE CONSUMO:
CLASSIFICAÇÃO ABC: são os materiais classificados a partir da curva ABC ou
curva de Paretto, método pelo qual se determina a importância dos materiais em
função do valor expresso pelo próprio consumo.
ITENS
CLASSE A: são os
itens mais importantes e que devem receber toda a atenção no primeiro momento
do estudo. Nesses itens são tomadas as primeiras decisões sobre os dados
levantados e correlacionados em razão de sua importância monetária.
ITENS
CLASSE B: são os
itens intermediários e que deverão ser tratados logo após as medidas sobre os
itens de classe A, são os segundo em importância.
ITENS
CLASSE C: são os
itens de menor importância, embora significativos em quantidades, mas com valor
monetário reduzido, permitindo maior espaço de tempo para sua análise e tomada
de ação.
6.
Não menos importante, temos também: Em relação à IMPORTÂNCIA OPERACIONAL
(CRITICIDADE); Em relação à
CRITICIDADE DINÂMICA; Em relação à AQUISIÇÃO (123); Em relação à POPULARIDADE
(PQR); Em relação à APLICAÇÃO (GUS).
Algo de extrema relevância é que as medidas
utilizados na gestão dos estoques não podem ser confundidas com as medidas
utilizadas de forma comercial, ou seja, muitas trata-se de embalagem do
produto, exemplo:
UNIDADE (ESTOQUE)
|
UNIDADE COMERCIAL
|
UN
|
CJ (conjunto)
|
M
|
FR ou FD (fardo)
|
KG
|
CX (caixa)
|
L
|
PC (pacote ou peça)
|
LT (lata)
|
A maior dificuldade do gestor de estoques é com relação à interface que essa
área possui com as demais áreas de uma determinada empresa, bem como, os
objetivos do setor devem estar alinhados aos objetivos da empresa e visa:
melhorar o atendimento aos clientes internos e clientes externos.
Áreas
|
Entradas
|
Saídas
|
Informática
|
informações sobre novas tecnologias, assessoria
na utilização de EDI, e-mail,intranets, extranets, softwares de compras.
|
informações sobre fornecedores, cópias de
solicitações de compras e de pedidos de compra, cópias de contratos de
fornecimento de serviços.
|
Marketing e Vendas
|
condições do mercado de compradores, novos
concorrentes, novos produtos, novas tecnologias de produtos e processos.
|
custos de promoções, condições do mercado
fornecedor.
|
Contabilidade e Finanças
|
custos das compras, disponibilidade de caixa,
assessoria nas negociações sobre condições de pagamento.
|
orçamentos de materiais, compromissos de
pagamentos, custos dos itens comprados, informações para subsidiar estudos da
relação benefícios sobre custos.
|
Para uma gestão de estoque eficiente, a empresa deve fazer um
bom planejamento da demanda, monitorar cuidadosamente o inventário e garantir a
qualidade do armazém.
Inicialmente podemos realizar uma prévia sobre uma boa gestão
dos estoques e, os objetivos da área de estoques; Vejamos:
Outros
aspectos são de extrema importância uma análise e avaliação criteriosa para uma
boa gestão dos estoques nas empresas: dados de cadastro, código interno, código
de barras, código de endereçamento de estocagem, referências do fornecedor,
descrição técnica do produto ou mercadoria, descrição mercadológica do produto
ou mercadoria,
layout área de estocagem,
layout área de pulmão do processo de estocagem, recursos físicos para a
estocagem, recursos móveis para a estocagem:
·
rotinas de
contabilização das entradas e saídas;
·
relatórios de
inventários permanentes e periódicos, estoques máximos e mínimos,
rotatividades;
·
apurações de margens
etc.
Vale
lembrar que em nosso país devemos praticar as normas contábeis vigentes, ou
seja, devemos observar o pronunciamento contábil 16 (R1) que considera estoques
como:
ü ativos mantidos para venda no curso normal dos negócios e
das operações
ü ativos em
processo de produção para venda
ü ativos na forma
de materiais ou suprimentos, a serem consumidos ou transformados no processo de
produção ou na prestação de serviços
O Pronunciamento estabelece em seu item 9,
que os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor
realizável, dos dois o menor.
Um exemplo
claro sobre o valor realizável são estimativas baseados em fontes confiáveis e
precisas, como os preços de venda de produtos ou prestação de serviços
estipulados em contratos, dessa forma os preços do contrato são fontes
confiáveis e precisas, uma vez que evidenciou a regra do valor realizável,
sendo este valores esperados a serem realizados com sua venda ou uso.
Apuração do Valor Realizável Líquido
Exemplos de itens de estoques sujeitos a
aplicação do valor realizável líquido:
a) Matérias Primas e outros materiais utilizados na produção e
almoxarifado,
b) Produtos Acabados e Mercadorias para Revenda,
c) Produtos em processo.
Materiais primas, outros materiais
utilizados na produção e almoxarifado de uso geral.
Materiais
|
Quantidade
|
Custo Unit.
|
Custo Total
|
Valor Realizável Líquido
|
Unitário abaixo do Mercado
|
Caixa Clipes – A143
|
1000
|
R$
2,00
|
R$
2.000,00
|
R$ 1,80
|
R$ 0,20
|
Caixa Clipes – A99
|
2000
|
R$
0,50
|
R$
1.000,00
|
R$ 0,55
|
-
|
Caixa Clipes – A50
|
4000
|
R$
0,40
|
R$
1.600,00
|
R$ 0,40
|
-
|
Como se nota apenas um produto possui valor realizável líquido abaixo do
custo, devendo-se reconhecer contabilmente uma perda estimada para redução ao
valor realizável líquido.
Materiais
|
Quantidade
|
Valor Unit. Prevalece
|
Custo Total
|
Valor Contábil
|
Diferença (Perda Estimada)
|
Caixa Clipes – A143
|
1000
|
R$
1,80
|
R$
1.800,00
|
R$
2.000,00
|
R$
200,00
|
Esta perda é demonstrada no Balanço como redução de contas de estoques
Valor
de venda a Vista
|
R$
100,00
|
(-)
ICMS
|
R$
18,00
|
(-)
PIS / COFINS
|
R$
9,25
|
(-)
Comissões
|
R$
3,00
|
(-)
Embalagens
|
R$
2,00
|
(=)Valor realizável líquido
|
R$
67,75
|
Custo de aquisição/produção
|
R$
90,00
|
Ajuste por estimativa de perda
|
Contabilização do Valor Realizável Líquido
Débito:
|
Despesas Administrativas (Conta de
Resultado)
|
R$
22,25
|
Crédito:
|
Perdas Estimadas p/ Redução ao Valor
Realizável (Ativo Circulante)
|
Segue
abaixo 10 (dez) dicas importantes para uma boa gestão dos estoques na sua
empresa.
- com base nos
estudos realizados determinar para cada item estocado a periodicidade de
reposição;
- determinar em
função a cada item a quantidade ideal a ser estocada conforme estudo da
curva ABC;
- organizar o departamento
de compras para que tenha agilidade nas compras e fazer cumprir os prazos
de entrega do que foi comprado;
- manter
procedimentos e sistemas de inventários permanentes e, estabelecer prazos
para as realizações dos inventários periódicos;
- reavaliar,
periodicamente, itens que vão ficando obsoletos, retirando-os dos estoques
e;
- quantificar os
itens danificados em função ao tempo de guarda ou de manuseio dando baixa
dos estoques;
- manter uma boa
gestão dos estoques, ou seja, implantar um eficiente WMS[2]
para controles sólidos e confiáveis;
- controlar os custos dos
estoques considerando o pronunciamento contábil 16 (R1);
- dependendo do tipo de
atividade e dos tipos de produtos / mercadorias, realizar um bom seguro
para se garantir de fatos indesejados;
- montar um eficiente budget[3]
onde realize uma boa gestão cruzada interligando o departamento de
estoques, departamento de compras e departamento financeiro.
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